sábado, 30 de julho de 2011

O Arafat que eu conheço

Ele em nada mudou desde dos tempos em que era um terrorista protegido pela KGB.


por Ion Mihai Pacepa
Wall Street Jounal, Sábado, 12 de Janeiro de 2002


Na semana passada, Israel apreendeu um navio carregando cinquenta toneladas de morteiros, mísseis de longo-alcance e foguetes antitanque destinados à Autoridade Palestina. O navio, Karim A., é propriedade da Autoridade Palestina. Seu capitão e diversos integrantes da tripulação são membros da polícia naval Palestina. Não estou surpreso de ver que Yasser Arafat continua o mesmo terrorista sanguinolento que eu conhecia tão bem durante meus anos no topo do serviço de inteligência da Romênia. Eu estive diretamente envolvido com Arafat no final da década de 60, quando ele era financiado e manipulado pela KGB. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel humilhou doi grandes clientes da União Soviética: Egito e a Síria. Algumas meses depois, o chefe Soviético da inteligência estrangeira, Gen. Alexander Sakharovsky, chegou a Bucareste. Segundo ele, o Krelim tinha incubido a KGB da missão de "consertar o prestígio" dos "nossos amigos Árabes" ajudando eles a organizarem operações terroristas que iriam humilhar Israel. O principal ativo da KGB nessa "joint venture" era o "devoto Marxista-Leninista" Yasser Arafat, co-fundador do Fatah, a força militar Palestina.

Gen. Sakharovsky nos pediu, ao serviço de inteligência da Romênia, para ajudar a KGB a trazer Arafat e alguns de seus guerreiros fedayeen para uma visita secreta na União Soviética passando pela Romênia, para que eles sejam doutrinados e treinados lá. Neste mesmo ano, os Soviéticos conseguiram nomear Arafat para líder da Organização Pela Liberação da Palestina (OLP), com ajuda do ditador egípcio, Gamal Abdel Nasser.

Quando conheci Arafat pela primeira vez, fiquei abismado pela similariedade ideológica dele com o seu mentor na KGB. Arafat só falava que o "imperialismo Sionista" Americano era o "grande mal do mundo" e a única solução para este problema era: "Destruí-los!". Nos anos em que o Gen. Sakharovsky era o principal conselheiro Soviético de inteligência na Romênia, ele costumava dizer com a sua melódica e suave voz que "a burguesia" era o "grande mal do mundo" adicionando que só existia um jeito de acabar com este problema: "Destruí-los". Ele foi o responsável pela morte de 50 mil Romênos. Em 1972, o Krelim estabeleceu uma "divisão de trabalho socialista" para ajudar o terrorismo internacional. Os principais clientes da Romênia neste novo mercado eram a Líbia e a OLP. Um ano depois, um conselheiro de inteligência Romeno que trabalhava na OLP em Beirut, reportou que Arafat e sua tropa da KGB estavam preparando um time chefiado pelo preferido do Arafat, Abu Jihad, de fazer de reféns os diplomata americanos em Khartoum, Sudão e demandar a liberação de Sirhan Sirhan, o assassino Palestino de Robert Kennedy.

"Impeça eles", gritou nervosamente o ditator Romeno Nicolae Ceausescu, quando eu lhe reportei esta notícia. Ele ficou branco como uma folha de papel. Apenas seis meses antes, o intermidiário oficial de Arafat para a Romênia, Ali Hassan Salameh, tinha liderado um time da OLP que fez de reféns uns atletas da Israel na olimpíada de Munique, e Ceausescu ficou com um medo mortal que seu nome fosse relacionado ao caso.

Já era muito tarde para impedir a tropa do Abu Jihad. Algumas horas depois nos soubemos que eles já tinham sequestrados os participantes da recepção diplomática organizada pela embaixada Saudita in Khartoum e estavam pedindo a liberação de Sirhan. Em 2 de Março de 1973, após o presidente Nixon recusar a demanda terrorista, os terroristas da OLP executaram três reféns: o embaixador Americano Cleo A. Noel Jr., seu subistituto George Curtis Moore, e um encarregado Belga Guy Eid. Em Maio de 1973, durante um jantar privado com Ceausescu, Arafat se gabou estusiasticamente desta operação. "Seja Cuidadoso", Ion Gheorghe Maurer, um advogado que estudou no Ocidente que tinha acabado de se aposentar como primeiro ministro, disse a ele: "Não importa quão alta é a sua posição, você ainda pode ser acusado de assassinato e roubo".

"Quem!? Eu!? Eu não tenho nada haver com aquela operação." disse Arafat, piscando maliciosamente.

Em Janeiro de 1978, um representante em Londres da OLP foi assassinado em seu escritório. Logo após disso, a reunião das evidências levava a crer que o crime fora comitido pelo infame terrorista Abu Nidal, que tinha acabado de romper relações com Arafat e tinha começa a sua própria organização. "Aquela não foi uma operação do Nidal, e sim nossa." Ali Hassan Salameh, disse-me, ele era um intermidiário de Arafat na Romênia. Até mesmo o conselheiro de Ceausescu sobre Arafat, que era um bom conhecedor de suas sujeiras, foi pego de surpresa. "Por que matar sua própria gente?", perguntou o Col Constantin Olcescu.

"Nós queremos montar uma espetacular operação contra a OLP, fazendo parecer que foi organizada por grupos palestinos extremados que acusam a direção de ser muito conciliatória e moderada", explicou Salameh. Segundo ele, Arafat chegou até a pedir ao Comitê Executivo da OLP para setenciar Nidal com pena de morte pelo assassinato do representante Londrino.

Arafat fez sua carreira política fingindo não ter participado dos seus próprios atos terroristas. Porém, evidencias contra ele crescem a cada dia. James Welsh, um ex-analista de inteligência para a Agência de Segurança Nacional, disse à jornalista americanos que a ASN tinha secretamente interceptado as comunicações por rádio de Yasser Arafat e Abu Jihad durante a operação da OLP na operação da embaixada Saudita em Khartoum, incluindo a ordem para matar o embaixador dada pelo próprio Arafat. Foi alegado que a conversa foi gravada por, Mike Hargreaves, um oficial da ANS em Cyprus e a transcrição foi mantida num arquivo chamado "Fedayeen". Por mais de 30 anos o governo americano considerou Arafat uma chave para conseguir a paz naquela área. Porém por mais de 20 anos, Washington também, achou que Ceausescu era o único comunista que poderia abrir uma brecha na Curtina de Ferro. Durante a guerra fria, dois presidentes americanos vieram a Bucareste para prestar homenagem à ele. Em novembro de 1989, quando o partido Comunista reelegeu Ceausescu, ele foi parabenizado pelos Estados Unidos. Três semanas depois, ele foi acusado de genocídio e executado, morrendo como um símbolo da tirania Comunista.

Já está na hora do fetiche Americano por Arafat acabar também. A presente guerra contra o terrorismo do presidente Bush provê uma exelente oportunidade para isto.



O Senhor Pacepa foi o maior oficial de inteligência que desertou do bloco Soviético. Ele é autor do livro "Red Horizons" (1987 ).