sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Quem foi Che Guevara?

É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face.

por Ion Mihai Pacepa
FrontPageMagazine, Sexta, 23 de Janeiro de 2009

Original - http://archive.frontpagemag.com/readArticle.aspx?ARTID=33786
Tradução Original - http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/15547-quem-foi-che-guevara.html

Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano, transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times, “genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”. [1] A palavra “estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via Crucis. O protagonista do filme, Benicio del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che Guevara” a Jesus Cristo. [2]
O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB, da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE – numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano. Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho mais vivo do que morto”. [3] O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual demoliria o seu Che.

Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi transformado num ídolo esquerdista inspirador – como um belo príncipe emergindo lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.

Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz. Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.

Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização, decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo americano.

A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro “Revolution in the Revolution” – uma cartilha para insurreição guerrilheira comunista escrito pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando guerrilheiro de Che.

Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os Estados Unidos.

Em 1970, os irmãos Castro elevaram a santificação de Che a um novo patamar. Alberto Korda, oficial da inteligência cubana trabalhando secretamente como fotógrafo para o jornal cubano Revolución, produziu uma foto romantizada de Che. Aquele Che agora famoso, com longos cabelos ondulados e usando uma boina com estrela, olhando diretamente nos olhos de quem o vê, é o logo de propaganda do filme de Soderbergh.

É de se notar que esta foto de Che foi apresentada ao mundo por um agente da KGB trabalhando secretamente como escritor – I. Lavretsky –, num livro intitulado “Ernesto Che Guevara”, editado pela KGB. [5] A KGB chamou a foto de “Guerrillero Heroico” e a espalhou por toda a América do Sul – área de influência de Cuba. O editor milionário italiano Giangiacomo Feltrinelli, outro comunista romanticamente envolvido com a KGB, inundou o resto do mundo com a imagem de Che impressa em cartazes e camisetas. O próprio Feltrinelli virou terrorista e foi morto em 1972 enquanto plantava uma bomba nos arredores de Milão.

Ouvi o nome de Che pela primeira vez em 1959, da boca do general Aleksandr Sakharovsky, antigo chefe da inteligência soviética e conselheiro para a Romênia, que mais tarde dirigiu a “revolução” dos Castro e foi recompensado com a promoção a chefe da toda-poderosa organização de inteligência estrangeira soviética, posição que manteve por quinze anos. Ele chegou a Bucareste com o seu chefe, Nikita Khrushchev, para conferências sobre Berlim Oriental e sobre a “nossa Gayane cubana”. Gayane era o codinome geral para a operação de sovietização da Europa Oriental.

Na época, a burocracia soviética acreditava que Fidel Castro era apenas mais um aventureiro, e relutava em apoiá-lo. Mas Sakharovsky havia ficado impressionado com a devoção ao comunismo do irmão de Fidel, Raul, e do seu tenente, Ernesto Guevara, e fez deles os principais protagonistas da “nossa Gayane cubana”. Os dois foram levados a Moscou para serem doutrinados e treinados, e ganharam um conselheiro da KGB.

De volta a Sierra Maestra, Che provou ser um verdadeiro assassino sangue frio nos moldes da KGB – responsável pela morte de mais de 20 milhões de pessoas apenas na União Soviética. “Meti uma bala de calibre 32 no lado direito do seu cérebro, que vazou por toda a têmpora” escreveu Che no seu diário, descrevendo a execução de Eutimio Guerra, um “traidor da Revolução”, a quem matou em fevereiro de 1957. [6] Guerra era a sétima pessoa a quem Che matara. “Para enviar homens para o pelotão de fuzilamento não é preciso provas judiciais”, explicou. “Estes procedimentos são detalhes burgueses obsoletos. Isso aqui é uma revolução! E uma revolução deve se tornar uma fria máquina de matar movida por puro ódio.” [7]

No dia 1° de janeiro de 1959, a “Gayane cubana” venceu, e a KGB encarregou Che de limpar Cuba dos “anti-revolucionários”. Milhares de pessoas foram enviadas para “el paredón”. Javier Arzuaga, capelão da prisão Al Cabaña no início de 1959, escreveu em seu livro “Cuba 1959: La Galeria de la Muerte” ter testemunhado “o criminoso Che” ordenando a execução de cerca de duzentos cubanos inocentes. “Argumentei diversas vezes com Che a favor dos prisioneiros. Lembro-me especialmente de Ariel Lima, um garoto de apenas 16 anos. Che estava obstinado. Fiquei tão traumatizado que em maio de 1959 recebi ordens para deixar a paróquia Casa Blanca, onde ficava La Cabaña … Fui para o México receber tratamento.” [8]

De acordo com Arzuaga, as últimas palavras de Che para ele foram: “Quando tirarmos nossas máscaras, seremos inimigos”. [9] É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face. O Memorial Cubano no Parque Tamiami, em Miami, contém centenas de cruzes, cada uma com o nome de uma pessoa identificada, vítima do terror comunista de Raul e Che. [10]

Também é tempo de interromper a mentira de trinta anos, reforçada pelo filme de Soderbergh, de que os irmãos Castro e o seu carrasco Che eram nacionalistas independentes. Em 1972, eu estava presente a um discurso de seis horas no qual Fidel pregou a mesma mentira. No dia seguinte, fui a uma pescaria com Raul. Havia outro convidado no barco, um soviético que se apresentou como Nikolay Sergeyevich. O meu colega cubano, Sergio del Valle, sussurrou no meu ouvido “Aquele é o coronel Leonov”. Anteriormente, ele já havia explicado para mim que Leonov era conselheiro da KGB para Raul e Che nas décadas de 1950 e 1960. Lá, naquele barco, para mim ficou claro como nunca que a KGB estava nas rédas da carruagem revolucionária dos Castro. Dez anos mais tarde, Nikolay Leonov foi recompensado por seu trabalho de manipulação de Raul e Che com a promoção a general e representante chefe de toda a KGB.

Na década de 1970, a KGB era um estado dentro do estado. Hoje, a KGB, renomeada de FSB, é o estado na Rússia, e o Che de Soderbergh é o maná dos céus para os representanes dela na América Latina. Meses atrás, duas marionetes do Kremlin – Hugo Chávez e Evo Morales – expulsaram, no mesmo dia, os embaixadores americanos de seus países. Milhares de pessoas carregando o retrato do Che de Soderbergh tomaram as ruas pedindo a proteção militar russa. Navios de guerra russos estão de volta a Cuba – e, mais recentemente, chegaram à Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos.

“A fraude trabalha como cocaína” costumava dizer para mim Yury Andropov, o pai da contemporânea era russa da fraude, quando ele era chefe da KGB. Em seguida, explicava: “Se você cheirar uma ou duas vezes, não mudará a sua vida. Mas, se você usá-la dia após dia, ela fará de você um viciado, um homem diferente”. Mao tinha a sua própria frase: “Uma mentira repetida centenas de vezes vira verdade”. O filme de Soderbergh sobre Che prova que ambos estavam certos.

Notas:
[1] A. O. Scott, “Saluting the Rebel Underneath the T-Shirt,” The New York Times, December 12, 2008.
[2] Guillermo I. Martínez, “Guevara biopic belies his ruthlessness,” The Sun Sentinel, January 1, 2009, p. 13A.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] I. Lavretsky, “Ernesto Che Guevara, “Progress Publishers, 1976, ASIN B000B9V7AW, p. 5. Initially published in Russian in 1973.
[6] Matthew Campbell, “Behind Che Guevara mask, the cold executioner,”The Sunday Times, September 16, 2007.
[7] Mark Goldblath, “Revenge of Che: no amount of Hollywood puferry will change the fact that commies aen’t cool,” The Wall Street Journal, December 19, 2008.
[8] “The Infamous Firing Squads,” p. 1, as published in http://therealcuba.com/page5.htm.
[9] Idem.
[10] Ibidem.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Maquiavel Pedagogo




"Uma re​volução pe​dagógica ba​seada nos re​sultados da pes​quisa psi​copedagógica está em cur​so no mun​do in​tei​ro. [...] Essa re​vo​lu​ção pe​da​gó​gi​ca visa a im​por uma “éti​ca vol​ta​da para a cri​a​ção de uma nova so​ci​e​da​de” [...] A nova éti​ca não é ou​tra coi​sa se​não uma so​fis​ti​ca​da re​a​pre​sen​ta​ção da uto​pia co​mu​nis​ta. [...] sob o man​to da éti​ca, e sus​ten​ta​da por uma re​tó​ri​ca e por uma di​a​lé​ti​ca fre​quen​te​men​te no​tá​veis, en​con​tra-se a ide​o​lo​gia co​mu​nis​ta, da qual ape​nas a apa​rên​cia e os mo​dos de ação fo​ram mo​di​fi​ca​dos."

Download (PDF / Mobi/ ePub)

http://lelivros.love/book/download-maquiavel-pedagogo-pascal-bernardin-em-epub-mobi-e-pdf/

Trechos do Capítulo 3

Em 1964, a Unes​co pu​bli​cou um im​por​tan​te tra​ba​lho, in​ti​tu​la​do \"A mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des\". Em prin​cí​pio, tal obra tra​ta das ati​tu​des in​ter​gru​pos – ra​ci​ais, re​li​gi​o​sas e ét​ni​cas –, mas as téc​ni​cas ali des​cri​tas [...] são per​fei​ta​men​te apli​cá​veis a vá​ri​os ou​tros do​mí​ni​os, como o au​tor mes​mo re​co​nhe​ce.

A ex​ten​são do cam​po de apli​ca​ção des​sas téc​ni​cas de mani​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca, que atu​al​men​te abrange o sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal fran​cês, jus​ti​fi​ca a im​por​tân​cia que da​mos a tal obra.

Ade​mais, a fi​lo​so​fia po​lí​ti​ca cla​ra​men​te ma​ni​pu​la​tó​ria que fun​da​men​ta tais prá​ti​cas pres​supõe um despre​zo ab​so​lu​to pela li​ber​da​de e dig​ni​da​de hu​ma​nas e pela de​mo​cra​cia. Ver-se-á que o au​tor visa ex​pli​ci​ta​men​te à di​fu​são das téc​ni​cas de ma​ni​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca nas es​co​las.

Com​preen​de-se fa​cil​men​te, por​tan​to, a aver​são ma​ni​fes​ta​da por mui​tos da​que​les quem veem o nos​so sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal ser in​va​di​do pe​las psi​co​pe​da​go​gi​as: uma mu​dan​ça de va​lo​res cons​ti​tui uma re​volu​ção – psi​co​ló​gi​ca – mui​to mais pro​fun​da que uma re​vo​lu​ção so​ci​al.

No​te​mos, con​tu​do, para res​ta​be​le​cer a ver​da​de, que não é um au​men​to da edu​caç​ão que leva ao mundi​a​lis​mo, ao ma​te​ri​a​lis​mo e à per​mis​si​vi​da​de – o que con​duz a isso é um au​men​to da edu​ca​ção revo​lu​ci​o​ná​ria. Te​ria es​que​ci​do o au​tor que os sé​cu​los pas​sa​dos pu​de​ram con​tar com ho​mens eruditos, cuja cul​tu​ra, essa sim au​tên​ti​ca, nada ti​nha que in​ve​jar às pro​du​ções de Jack Lang?

Resumo do documento "E.E. Da​vis, La mo​di​fi​ca​ti​on des at​ti​tu​des, Rap​port et do​cu​ments de sci​en​ces so​ci​a​les, n° 19, Pa​ris, Unes​co, 1964.\"

No que con​cer​ne à for​ma​ção e à mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des da so​ci​e​da​de em ge​ral, os co​ro​lá​ri​os dos resul​ta​dos aci​ma men​ci​o​na​dos são evi​den​tes (página  24).
Os co​ro​lá​ri​os des​ses re​sul​ta​dos, para a mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des no pla​no da vida da so​ci​al, são eviden​tes (p. 40).
Po​de​mos por​tan​to con​cluir que, in​con​tes​ta​vel​men​te, pos​su​í​mos co​nhe​ci​men​tos cuja apli​ca​ção generali​za​da nos per​mi​te atin​gir nos​sos ob​je​ti​vos, a sa​ber:
- aper​fei​ço​ar as ati​tu​des in​ter​gru​pos e as re​la​ções en​tre gru​pos.

Evi​den​te​men​te, a ques​tão que se co​lo​ca é a de sa​ber como se po​dem apli​car es​ses mé​to​dos em lar​ga es​ca​la.

Esse pro​ces​so não se dará sem di​fi​cul​da​des, mas tais di​fi​cul​da​des não são in​su​pe​rá​veis (páginas 48-49).

Os es​tu​dos ori​en​ta​dos para a co​mu​ni​da​de, os quais le​vam em  con​ta esse fato [a ten​dên​cia à conformida​de aos cos​tu​mes  es​ta​be​le​ci​dos], vi​sam à “re​con​ver​são”, em cer​to sen​ti​do, de comunidades in​tei​ras, nas quais é ne​ces​sá​ria a mo​di​fi​ca​ção  das nor​mas e das prá​ti​cas es​ta​be​le​ci​das, a fim de aper​fei​ço​ar  as ati​tu​des in​ter​gru​pos e de co​lo​car to​dos os gru​pos em pé de igual​da​de. Para tanto, faz-se ne​ces​sá​rio ape​lar ao au​xí​lio de po​lí​ti​cos, de lí​de​res co​mu​ni​tá​ri​os, de emis​so​ras de rá​dio, da im​pren​sa lo​cal e de ou​tros “for​ma​do​res de opi​ni​ão”, a fim de pro​vo​car as mu​dan​ças na comunidade in​tei​ra (p. 55).

En​tre as te​o​ri​as re​la​ti​va​men​te re​cen​tes que têm es​ti​mu​la​do as pes​qui​sas, en​con​tra-se a da “dissonância cog​ni​ti​va”, de Fes​tin​ger (1957) (p.39).

Um dos co​ro​lá​ri​os da te​o​ria de Fes​tin​ger é o fato de que uma de​cla​ra​ção ou ação pú​bli​cas em desacordo com a opi​ni​ão  pri​va​da do su​jei​to po​dem ge​rar nele uma dis​so​nân​cia cog​ni​ti​va e, as​sim, em di​ver​sos ca​sos, acar​re​tar uma mo​di​fi​ca​ção de ati​tu​de.

Ou​tras pro​vas des​sa re​sis​tên​cia [a se dei​xar in​flu​en​ci​ar pe​los mé​to​dos de in​tros​pec​ção] fo​ram apresenta​das por Cul​bert​son (1955). Esse au​tor des​co​briu que o psi​co​dra​ma cons​ti​tui um  meio geralmen​te mais efi​caz para mo​di​fi​car tais ati​tu​des.

[...] o pro​ces​so edu​ca​ci​o​nal não con​sis​te ape​nas na trans​mis​são  de in​for​ma​ções.

Na me​di​da em que o gru​po de pa​res re​pre​sen​ta para a cri​an​ça um qua​dro de re​fe​rên​cia, ele con​tri​bui em lar​ga me​di​da para  a  mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des so​ci​ais (p. 45).

A con​clu​são que se pode ti​rar des​ses es​tu​dos é que, mes​mo que as ati​tu​des in​ter​gru​pos ne​ga​ti​vas se for​mem, fre​quen​te​men​te me​di​an​te a ado​ção da nor​ma da cé​lu​la fa​mi​li​ar, gru​po pri​má​rio – e os programas de ação bem po​de​ri​am le​var em con​ta os pais, en​quan​to agen​tes de mo​di​fi​ca​ção de atitudes –, ain​da as​sim  não de​ve​mos nos dei​xar de​sen​co​ra​jar por tais di​fi​cul​da​des.

Os gru​pos de pa​res, so​bre​tu​do aque​les que se for​mam no âm​bi​to da es​co​la ou da uni​ver​si​da​de, po​dem mui​to bem tor​nar-se gru​pos de re​fe​rên​cia e pro​mo​ver um efei​to po​si​ti​vo so​bre a mo​di​fi​ca​ção das atitudes, con​tri​bu​in​do des​sa for​ma a di​ri​mir o “atra​so cul​tu​ral”.

No que con​cer​ne às re​la​ções en​tre pais e fi​lhos, en​con​tra​mo-nos  di​an​te do se​guin​te pro​ble​ma: para con​du​zir as cri​an​ças de modo a aper​fei​ço​ar as re​la​ções en​tre gru​pos, ne​ces​sá​rio se​ria  co​me​çar pela modi​fi​ca​ção de seus pais (p. 45).

Não de mo​des​tos acrés​ci​mos ao nos​so atu​al pro​gra​ma de en​si​no,  mas sim de trans​for​ma​ções profundas em nos​so pla​no de es​tu​dos,  em nos​so modo de se​le​ção de pro​fes​so​res e em toda nos​sa concep​ção de en​si​no pú​bli​co.

De​ve​mos re​fle​tir so​bre a ne​ces​si​da​de, para to​dos os di​ri​gen​tes da área da edu​ca​ção, de uma reorientação e de com​pe​tên​ci​as de or​dem po​lí​ti​ca” (p. 47).

Sem dú​vi​da, é di​fi​cil​men​te ima​gi​ná​vel que uma só pes​soa ou  mes​mo um pe​que​no gru​po de pes​so​as pos​sa mu​dar com​ple​ta​men​te,  do dia para a noi​te, uma so​ci​e​da​de mo​der​na, de es​tru​tu​ra  de​mo​crá​ti​ca e plu​ra​lis​ta.

Por ou​tro lado, não é im​pro​vá​vel que, me​di​an​te es​for​ços con​cre​tos e com a apli​ca​ção de conhecimentos mo​der​nos, gru​pos de in​di​ví​duos pos​sam ace​le​rar a evo​lu​ção so​ci​al de ma​nei​ra a redimir cer​tos “atra​sos cul​tu​rais”, nem se pode di​zer que tais gru​pos não de​vam em​preen​der tal ação (p. 57).

Po​rém, se con​si​de​ra​mos os mei​os de in​for​ma​ção, sob um ân​gu​lo  mais vas​to, como ins​tru​men​tos que per​mi​tem à so​ci​e​da​de  mo​di​fi​car as ati​tu​des dos in​di​ví​duos num sen​ti​do de​se​ja​do, im​por​ta exa​mi​nar a ques​tão re​la​ti​va à in​ten​ção que ori​en​ta o em​pre​go dos mei​os de co​mu​ni​ca​ção; dito de ou​tra for​ma: tra​ta-se de sa​ber quem dispõe des​ses mei​os. Evi​den​te​men​te,  essa ques​tão é bas​tan​te de​li​ca​da, e traz con​si​go im​por​tan​tes  im​pli​ca​ções po​lí​ti​cas, que não ire​mos pon​de​rar aqui. De  qual​quer modo, cabe-nos ob​ser​var que tal ques​tão não pode ser ne​gli​gen​ci​a​da in​de​fi​ni​da​men​te (p. 59).

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